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MensagemAssunto: Português   Português EmptyQui Out 02, 2008 9:05 pm

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MensagemAssunto: Conteúdo de Português   Português EmptyQui Out 02, 2008 9:08 pm

Conteúdo de Português


Uma das conseqüências de o Brasil ser uma das potências mundiais do futebol é não nos contentarmos em ser vice-campeões. Isso já vale até para o futebol feminino. Basta vermos o sofrimento de nossas jogadoras em Pequim. Apesar do honroso segundo lugar, uma medalha de prata conquistada em disputa com o mundo inteiro, elas mostraram a tristeza típica de quem ocupa o último lugar.
Uma reação muito parecida foi vista na Copa do Mundo de 1998, no futebol masculino, quando chegamos à frente de todos, exceto da França. No futebol, não aceitamos a mediocridade, nem mesmo o segundo lugar.

O mesmo comportamento e sentimento não são vistos em outros setores da vida nacional. Ano após ano, estamos entre os últimos colocados, mas o assunto não desperta indignação, passa despercebido. Por décadas, fomos os últimos em inflação, somos os piores em destruição de florestas e em concentração de renda, em número de analfabetos adultos, em incidência de malária e dengue. Todas as avaliações internacionais colocam o Brasil entre os piores na capacidade de ler e nas habilidades matemáticas. Somos também os piores do mundo em criminalidade juvenil. Mas essas classificações vergonhosas não nos fazem sofrer tanto quanto sermos segundos em futebol. É por isso que somos bons em futebol e péssimos em outras práticas: porque aceitamos a mediocridade em tudo, mas exigimos excelência no futebol.

Daqui a quatro anos, nossa seleção feminina de futebol poderá jogar outra vez e, dessa vez, vencer. Até lá, as regras serão as mesmas, a bola continuará redonda. Mas a perda educacional não permite recuperação tão fácil. Daqui a quatro anos, o mundo inteiro terá evoluído no conhecimento, em equipamentos, na formação de professores. No futebol, teremos perdido ou ganhado; mas na educação, se tivermos perdido, ficaremos para trás.

Perder uma Copa do Mundo de futebol nos deixa mais tristes. Mas perder a Copa da Educação nos deixa mais pobres, mais desiguais, mais atrasados, mais deseducados. Porque a deseducação gera um círculo vicioso: quanto pior, pior fica.

Por que, então, choramos com a derrota no futebol e ignoramos o fracasso na educação? Primeiro, porque nossa cultura está mais para o consumo, para o futebol, para o imediato, para a alegria, do que para o esforço, para o futuro e para o sacrifício que implica a educação. Mas nossa população pobre tem de sobreviver, dia após dia. Não pode esperar a educação do filho (a grande criatividade da Bolsa Escola foi unir a necessidade de sobrevivência imediata com a educação para o futuro). É triste reconhecer, mas a elite brasileira passou a idéia — aceita pelo povo — de que educação de qualidade é uma coisa reservada aos ricos, como se fosse natural que os filhos dos pobres não tivessem direito a escola igual a dos ricos.

A prova disso está na pesquisa apresentada pela revista Veja, mostrando que quase todos os pais acham muito boa a escola pública de seus filhos, embora os filhos não estejam de fato em escola adequada. Consideram a escola um lugar onde deixar seus filhos, com direito a merenda; se não tiver aula, nem dever de casa, não importa. Para 89% dos pais com filhos em escolas particulares, o dinheiro é bem gasto e tem bom retorno, mesmo quando os indicadores mostram que seus filhos têm péssimo desempenho, quando comparados com outros países. Noventa por cento dos professores se consideram bem preparados para a tarefa de ensinar, mesmo que seus alunos sejam os últimos no campeonato mundial da educação.

Sindicatos fazem greve por salário, moradores de ruas invadem prédios e terrenos, camponeses invadem terras. Mas não vemos invasão das boas escolas, para nelas serem colocados os filhos dos pobres. Professores universitário fazem greve por salários, alunos universitários protestam pela saída de um reitor, mas não dizem uma única palavra de protesto quando perdemos o campeonato da educação de base.

O Brasil dispõe dos recursos para, em Londres, em 2012, conquistar algumas medalhas a mais. E para, ao longo dos próximos anos, celebrar muitas medalhas conquistadas nas Olimpíadas seguintes, principalmente se conseguirmos que os jogos de 2016 sejam realizados no Rio de Janeiro. Mas se fizermos a revolução na educação, faremos também o berço de nossos atletas. Temos os recursos, mas a aceitação da mediocridade na educação nos condena a sermos os perdedores de sua Olimpíada.
_____________________
Cristovam Buarque,
Senador pelo PDT do Distrito Federal
Nas páginas do Correio Braziliense.
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